O crescimento do ocultismo

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As agências de imprensa evangélicas recentemente publicaram uma distinta notícia sobre a ascensão do ocultismo no mundo ocidental, particularmente na Alemanha Ocidental.¹ Aparentemente, a Igreja Evangélica Luterana Unida da Alemanha (VELKD) viu a necessidade de expressar sua preocupação com o que chamou de “uma onda de ocultismo.” Os bispos luteranos comunicaram que quem se deixa tratar por curandeiros ocultos, como magnetizadores e iriscopistas, ou se ocupa de adivinhação, astrologia e exorcismo, não se envolve em “um jogo inofensivo.” Os bispos são da opinião de que práticas ocultistas e espíritas podem levar a medos psíquicos que prejudicam seriamente a personalidade. Os bispos solicitaram aos pais que procurassem símbolos e comportamentos ocultos, entre seus filhos. À imprensa foi designada a responsabilidade pelo monitoramento crítico da situação.

O que é o ocultismo?

A palavra ocultismo vem do verbo latino “encobrir” e denota uma crença em poderes ocultos ou misteriosos e a possibilidade de controlar ou usar esses poderes em vantagem ou desvantagem. O ocultismo pode ter uma ampla gama – do vodu, do culto da matriz africana, encontrada principalmente na África e no Caribe, ao horóscopo do jornal diário local -, mas é invariavelmente uma tentativa de manipular e utilizar poderes “ocultos” e até sobrenaturais. O ocultismo está frequentemente (e com razão) ligado à adoração do diabo e de seus demônios. Nos encontramos no reino da “magia negra”, o canto mais escuro do ocultismo. Aqui práticas e rituais bizarros geralmente levam à degradação e à morte. Não é à toa que um cientista conhecido que escreveu um livro sobre práticas ocultas o intitulou O Domínio da Serpente,² significando com cobra, de fato, o diabo, a serpente da antiguidade. O ocultismo sempre envolve algum desencadeamento de poder diabólico ou influência demoníaca.

Essencialmente, então, o ocultismo é um culto às coisas criadas, sejam elas anjos caídos ou corpos celestes. É essa superstição e idolatria que é proibida pelo Senhor no primeiro mandamento de Sua Lei: “Não terás outros deuses diante de mim” (Gn 20.3). Devemos confiar somente no SENHOR e somente temê-lo, e não depositar nossa confiança em nenhuma criatura. O ocultismo é ainda mais perigoso, porque de fato coloca uma pessoa sob a influência direta do reino das trevas, e isso muitas vezes têm resultados devastadores.

O ocultismo e o rock

Uma das razões pelas quais o ocultismo está novamente em ascensão deve ser atribuída à influência do estilo de música rock. Grandes estrelas do rock introduziram descaradamente o satanismo em suas apresentações musicais e teatrais. Um dos mais conhecidos é o grupo “Black Sabbath”, que até se nomeou após um ritual satanista. Contudo a tendência começou muito antes, quando os Rolling Stones gravaram “Sympathy for the Devil” no LP Beggar’s Banquet. Desde então, o rock se tornou um veículo inconfundível para o ocultismo.

Outra razão pela qual o ocultismo é tão bem-sucedido é que as vidas de muitos jovens do mundo ocidental estão espiritualmente vazias. Estamos cada vez mais confrontados com uma geração que ficou à deriva e perdeu o contato com o Deus Vivo. A frequência da Igreja na Alemanha Ocidental e em outros países europeus, assim como no mundo livre em geral, está caindo a um ritmo alarmante. Os efeitos de uma teologia crítica das Escrituras são cada vez mais sentidos: as pessoas que se afastaram da revelação de Deus estão ficando enredadas pela imaginação e superstições do homem. Nesse clima, o ocultismo desenvolve-se.

O ocultismo e o Cristianismo

Já no Antigo Testamento, o SENHOR havia proibido Seu povo de se envolver ou permitir práticas ocultistas. Em Levítico 19.31, lemos: “Não vos voltareis para os necromante, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” Em Deuteronômio 18.9-12, afirma-se que Israel não terá ninguém “que faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos”. Ainda assim, Israel foi vítima de muitos desses magos, e o rei Saul, por exemplo, indicou a eliminação dos adivinhos e encantadores para livrar a terra deles (1 Sm 28).

É notável que os missionários cristãos em suas jornadas foram imediatamente confrontados com o ocultismo. Em Samaria, o apóstolo Pedro teve que lidar com um Simão, que praticava magia (At 8). E em Chipre, em Pafos, Paulo e Barnabé encontraram um homem chamado Barjesus, que também era conhecido como “Elimas, o mágico” (At 13). É óbvio que no mundo greco-romano daqueles dias o ocultismo era um dos principais oponentes do evangelho de Jesus Cristo!

Portanto, a pregação do Evangelho em Éfeso levou a um desmascarar e derrotar as práticas do ocultismo, isso não foi uma pequena vitória.

Lemos em Atos 19.19,20: “Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente.

Objetos e livros sobre ocultismo são aparentemente caros e muito procurados neste mundo. O povo não fez nenhum pequeno sacrifício quando queimaram os seus livros de feitiçaria.

Das passagens das Escrituras acima, é evidente que os poderes das trevas prosperam onde quer que o Evangelho não tenha sido pregado ou onde o Evangelho é rejeitado. A magia negra é derrotada apenas pela proclamação aberta da Verdade. Não é de admirar, então, que o ocultismo esteja em ascensão em países onde o Evangelho já foi uma força poderosa, mas onde nas últimas décadas foi sistematicamente minado. Até o último dia, o ocultismo continuará sendo um dos grandes inimigos do Evangelho e uma poderosa ferramenta do diabo.

Rejeite-o desde o início

A maioria de nós não estará envolvida com práticas ocultas extremas. Ser absorvido pelos poderes do mal, no entanto, pode ser um processo lento e metódico do qual o início não foi discernido adequadamente. Portanto, a advertência da Igreja Evangélica-Luterana na Alemanha Ocidental não deve ser desconsiderada.

É realmente importante que os pais observem se seus filhos se preocupam com a parafernália do rock ou com o simbolismo do ocultismo. Isso, geralmente não é um confiável sinal de saúde espiritual. O uso de jóias exibindo os signos do zodíaco deve ser vedada nas famílias cristãs. A leitura do horóscopo deve ser claramente combatida como um falso engano. Jogos com temas ocultos, como o tabuleiro Ouija, não devem ser permitidos em casa.

Os curandeiros mágicos

Existe uma tendência na Europa Ocidental de fazer uso crescente dos serviços de “curandeiros”, como “magnetizadores” e “iriscopistas”. Devemos distinguir aqui entre curandeiros “homeopáticos” que geralmente tratam doenças com fitoterapia e curandeiros “psíquicos” cujo poder é principalmente de origem e natureza obscuras (ocultismo).

Os “magnetizadores” procuram curar os outros decorrente de uma força magnética em seus pacientes. Os “iriscopistas” acreditam que o padrão da íris (do olho) revela exatamente onde as doenças estão localizadas no corpo. Embora, pareça que os bispos luteranos estão particularmente preocupados com a influência desse tipo de curandeiros mágicos.

Não se pode negar que as forças magnéticas podem influenciar um processo de cura. Também é verdade que o olho geralmente reflete o bem-estar físico do corpo. Aparentemente, o júri ainda está de fora sobre alguns desses métodos de cura. Ainda assim, é difícil negar que a maioria desses curadores esteja ligada ao ocultismo e tenha muitas práticas questionáveis. Muitas vezes, o diagnóstico é baseado na intuição ou “sentimento”, enquanto o tratamento é de sugestão. Não há “cura mágica”, e o que for apresentado dessa maneira é inquestionavelmente uma farsa. É até perigoso se envolver com esses “curadores”, pois eles não apenas aceitam seu dinheiro, mas também te torna dependente de sua influência e poder.

O único conforto

É muito compreensível que as pessoas que estão em estado terminal ou que sofrem de diversas dores irão a quase todos os lugares a fim de encontrar cura ou sentir alívio. Esses “curadores” atacam os necessitados, oferecendo “a última esperança”. Contudo, em vez disso, eles podem tirar a única esperança e conforto.

O Catecismo de Heidelberg (P.94) explica o primeiro mandamento da seguinte forma: “Que, por amor a minha salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria, feitiçaria, superstição e invocação a santos ou a outras criaturas…” Somos chamados a confiar apenas em Deus. Isso é básico para a nossa vida cristã. Em todas as tentações e provações, devemos esperar toda ajuda e força somente do Senhor. Caso contrário, caímos na idolatria e confiamos nas criaturas ou nas coisas criadas. Ao fazer isso, comprometemos a nossa salvação em Deus.

Não devemos trocar o único conforto pelo pouco e falso conforto que este mundo oferece em suas superstições e práticas enganosas. Não é à toa que o apóstolo Paulo, ao repreender Elimas, o mágico, falou de “engano e malícia”. O ocultismo está atrás de mais do que apenas nosso dinheiro: o diabo está atrás de nossas almas.

De grande importância, portanto, é que os pais conduzam seus filhos a uma vida cheia de confiança no Senhor, que somente fornece todas as necessidades de seus filhos e que em Jesus Cristo deu a vitória sobre o diabo e seus demônios.

Notas:
¹ Nederlands Dagblad, 3 de novembro de 1986.
² W.J. Ouweneel, Het Domein van de Slang, Christelijk Handboek sobre Occultisme en Mysticisme, Buijten en Schipperheijn, Amsterdam, 1978.


Artigo publicado originalmente na christianstudylibrary.org.

Tradução: Alaíde Monteiro.

Revisão: Ester Santos.

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