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sofá e duas mesas

Hospitalidade

Isso já aconteceu com você? Você está longe de casa e o Dia do Senhor chega, então faz planos para o culto. Você procura uma igreja afiliada ou, na sua falta, uma igreja que é doutrinariamente próxima da sua. Chega na hora certa, participa do culto, é edificado e então é hora de ir embora. Ao sair do prédio, você espera que alguns dos congregados se apresentem a você. Talvez alguém até te convide para um café e um momento de comunhão.

A Desconsideração

Mas isso simplesmente não acontece. Ao sair do prédio, ninguém sequer te cumprimenta. Todos ao seu redor estão em pequenos grupos conversando entre si; e ninguém se achega. Você espera um pouco, para dar-lhes uma chance. Afinal de contas, você é um estranho entre eles e pode levar um momento para te notarem. Infelizmente, nada acontece. Ninguém vem até você. Ninguém fala com você. Alguns até te encaram de longe – pode-se até sentir. Então, o que você faz? Você volta ao seu quarto de hotel, desapontado e sozinho. Às vezes, você fica até mesmo pensando sobre que tipo de igreja era aquela. Isso já aconteceu com você?

Aconteceu comigo e sei que já aconteceu com outros. Ora, o irônico é que às vezes essa igreja pode gastar muito tempo e energia em evangelismo. Obviamente, o que eles precisam é de alguém para lembrá-los de começar com a coisa mais básica de todas, ou seja, com a hospitalidade.

Um assunto insignificante?

Claro, você pode ser da opinião de que este é um assunto que pertence às coisas menores e insignificantes da vida. Se for assim que pensa, então peço que você dê outra olhada na sua Bíblia. Pois o que chama a atenção é que a questão da hospitalidade percorre como um cordão por toda a Escritura.

Tomemos, por exemplo, o Antigo Testamento. Quantas vezes o povo de Israel não é ordenado a negociar compassivamente com os estrangeiros forasteiros entre eles? É até um assunto que você pode encontrar nos Dez Mandamentos. Entre aqueles que deveriam se beneficiar do sábado estão também o “forasteiro das tuas portas para dentro” (Êx 20.10)

Quando nos voltamos para o Novo Testamento, vemos que este assunto recebe a mesma pressão. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo sobre quais viúvas deveriam ser colocadas na lista oficial de viúvas, prescreve certas qualificações e uma delas é que tenham “exercitado hospitalidade” (1 Tm 5.10). Da mesma forma, quando escreve sobre candidatos para o ofício de presbíteros ele descreve “hospitaleiro” como sendo uma das exigências (1 Tm 3.2; Tt 1.8). De igual modo, o apóstolo Pedro, escrevendo para o povo de Deus que estava disperso, diz-lhes “sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração” (1 Pe 4.9). Também há o apóstolo João, que fala “mesmo quando são estrangeiros”, diz “Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade” (3 Jo 5. 8). Finalmente, e talvez esta seja a referência mais interessante de todas, o autor da carta aos Hebreus declara “Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos” (Hb 13.2).

Precisa de mais ser dito? Seguramente, as passagens bíblicas são bem claras. A hospitalidade não é opcional. Ela deve ser uma parte integrante da vida das pessoas, dos presbíteros e da igreja de Deus.

Um Deus hospitaleiro

No entanto, talvez estejamos nos perguntando o porquê disto. Por que as Escrituras fazem disso um tema e o eleva como um requisito? Minha opinião é que o nosso Deus quer um povo hospitaleiro porque Ele mesmo é um Deus hospitaleiro. O que eu quero dizer com isto? Bem, considere Sua palavra mais uma vez, o que você vê? Você vê um Deus que não lava as mãos depois da queda da humanidade no pecado. Em vez disso, Deus faz mais que o necessário para buscar o homem e chamá-lo de volta para si mesmo e para seu serviço. Você percebe isso especialmente no envio do seu próprio Filho Jesus Cristo.

Por que o Pai o envia? Ele faz isso para reunir, defender e preservar um povo para si mesmo. Como o pai na parábola do filho pródigo, Deus, o pai, anseia pelo dia em que todos seus filhos voltarão para casa (Lc 15.11-32). Ele não quer nada melhor do que mostrar-lhes sua divina hospitalidade.

Mostrando hospitalidade hoje

Chega de teologia. Agora, que tal uma prática? Certamente, se quisermos ser contados entre os filhos obedientes de Deus, não negligenciaremos este dever de mostrar hospitalidade. Se você é um dos presbíteros da igreja, perceba que a hospitalidade é um dos requisitos do seu ofício. Se você é um filho de Deus, examine sua própria vida para avaliar seu nível pessoal de hospitalidade. Se você pertence a uma congregação local de Jesus Cristo (como todos nós pertencemos), analise o quão bem o corpo de congregados funciona neste quesito. De fato, se o primeiro é o seu caso, você tem esse trabalho cabível, enquanto tenta aumentar a temperatura e mudar maus hábitos. Se o último for o caso, você também tem trabalho a fazer para manter acesas as chamas da hospitalidade.

Se acontecer de um estranho visitar sua igreja, como ele ou ela seria recebido (a)? Melhor ainda, se um anjo visitar, quão bem recebido ele seria?


Tradução: Gabriel Reis.

Revisão: Ester Santos.

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