Doação de Órgãos

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Há algum fundamento bíblico pró ou contra a doação de órgãos?

Nas últimas décadas a prática de doação de órgãos se tornou bem comum e generalizada. Transplantes de diversos órgãos são aceitos como um procedimento médico quase como a transfusão de sangue. Poucas pessoas fazem objeção à transfusão de sangue (como as Testemunhas de Jeová), enquanto que operações mais complexas e complicadas de transplantes de órgãos e seus riscos subsequentes de rejeição ainda fazem muitos se perguntarem sobre a questão do procedimento ser certo ou errado. Um transplante de rim em que o doador é um membro saudável da família, contudo, é menos problemático do que o transplante de um órgão doado por alguém após sua morte (muito embora os riscos de rejeição também permaneçam reais). Neste último caso, o transplante precisa acontecer o mais rápido possível após a morte do doador; um “bom órgão” para um transplante deve ser um órgão que ainda esteja tão “vivo” quanto possível. Tecnologias e procedimentos médicos modernos têm mudado o critério para identificar o momento em que a morte de alguém pode ser determinada (por exemplo, quando o coração para ou quando a morte cerebral é identificada). Estes e outros aspectos relacionados à questão envolvida na aceitação de transplantes de órgãos, contudo, não determinam, definitivamente, a resposta à questão apresentada aqui.

A doação de um órgão é feita em prol e/ou por amor ao próximo. As Escrituras falam muito favoravelmente sobre alguém dar a sua vida pelo próximo (João 15:13; Rom. 5:7), por um amigo ou um irmão (1 João 3:16). Tal ato de amor por ser entendido como seguir a Cristo, que fez o mesmo por nós. Se é assim que a Bíblia fala sobre entregar a própria vida, não pode ser errado darmos uma parte do nosso corpo para o bem-estar do nosso próximo. Especialmente quando os riscos são pequenos para o doador (transplante de rim, por exemplo), tal ato de amor é um presente ao próximo. No caso em que o doador morreu e, portanto, não há riscos para si, mesmo assim a vida do receptor pode ser salva ou sua saúde consideravelmente melhorada! Também, depois da remoção de um ou mais órgãos, o corpo do falecido ainda pode ser enterrado. Pessoas que perderam um membro ou um pulmão durante a vida são enterradas sem ele. O ato de amor ao próximo, então, reflete uma misericórdia semelhante à misericórdia que Deus nos mostra (Lucas 6:36; 10:25), através da qual nós fazemos o bem a todas as pessoas, como Deus mostra sua benevolência ao justo e ao injusto (Mt. 5:45).

Para que os profissionais médicos saibam que você deu permissão para a remoção de um ou mais órgãos, antes do enterro, você pode levar na carteira ou bolsa um “codicilo” (um testamento simples, numa pequena tábua ou códice, literalmente). É uma afirmação cuidadosamente posta em palavras, datada e assinada, designando, especificamente, quais órgãos você deseja que sejam doados após sua morte. Este codicilo é feito e muitas vezes também contido no registro da carteira de motorista, onde se diz quando e o que você deseja doar no momento em que a morte é confirmada. A este respeito devemos perceber que certos órgãos muito íntimos, como o cérebro ou os órgãos reprodutores, por exemplo, devem ser excluídos. Também pode ser necessário que a respeito de certos órgãos façamos a doação baseada numa procuração. A decisão de doar um ou mais órgãos para transplante pode ser recomendada como um ato de amor, misericórdia e benevolência ao nosso próximo!


Tradução: Renan Lima

Revisão: Thaís Vieira.

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