Podemos cantar todos os salmos na adoração pública ou em casa? Não me refiro a aqueles salmos com melodias que encontramos alguma dificuldade. Mais propriamente, são os conteúdos de todos os salmos adequados para cantarmos nos dias de hoje? De vez em quando, algumas pessoas me perguntam, podemos ainda hoje cantar canções implorando a Deus para julgar os ímpios? Neste contexto, frequentemente é feita uma referência aos Salmos 137:8-9.
“Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste. Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.”
Certamente, isso não é cristão. O Novo Testamento não diz: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;” (Mateus 5:44)?
Para analisar esta questão, devemos considerar a unidade das Escrituras e o significado dos Salmos que suscita tais questões. Em um segundo artigo, consideraremos se devemos cantar esses Salmos e, em caso afirmativo, como devemos usá-los.
A Escritura é única
Ao discutir o tópico dos chamados salmos imprecatórios, não se pode colocar o Novo Testamento contra o Antigo. A Palavra de Deus é uma unidade, inspirada por um e mesmo Espírito (I Pedro 1:11). A Bíblia não pode contradizer a si mesma. Desta forma, não é de surpreender que a mensagem de amar o inimigo, é também encontrada no Antigo Testamento. “Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o Senhor te retribuirá.” (Provérbios 25:21-22). Além disso, falar mal dos inimigos não é achado apenas no Antigo Testamento, mas também no Novo. O Senhor Jesus, que nos ensinou a amar nossos inimigos, proclamou sete ais sobre os fariseus em termos inequívocos, conforme registrado em Mateus 23. Como fazemos sentido no que pode parecer ser declarações contraditórias? É de salientar que as ordens de amor aos inimigos, referem-se a inimigos pessoais. Por exemplo, em Romanos 12 existem vários conselhos para abençoar seus inimigos e amaldiçoá-los; não para retribuir o mal com mal; e não se vingar (versículos 14, 17, 19-21). Mas, no capítulo seguinte, o governo como servo de Deus e como agente da sua ira, não deve ter nenhuma tolerância e punir o malfeitor (Romanos 13:1-4). É a obrigação e função do governo. Quando Cristo denunciou os fariseus e proclamou um número de sete ais sobre eles, Ele fez isso não porque eles eram seus inimigos pessoais, mas ele seguiu o exemplo dos profetas do Antigo Testamento que denunciaram os pecados do povo de Deus (por exemplo, Isaías 5).
Então, o que justificaria nossos salmos cantados que chamam a Deus para punir os ímpios? Para responder a essa dúvida, vamos primeiro examinar mais de perto os Salmos 137 e 139, que são frequentemente utilizados em discussões dessa natureza. Eles podem servir como exemplos dos tipos de salmos que as pessoas às vezes desaprovam.
Salmo 137
O Salmo 137 recorda como, pelos rios da Babilônia, os exilados judeus, tristes e com lágrimas, recordaram Sião e sua destruição pela Babilônia. Ainda que este salmo seja conhecido como um salmo imprecatório, isto é, proferindo maldições, deve ser notado que é em primeiro lugar uma canção de amor, amor ao SENHOR e a Sião. Essa devoção e afeição por Jerusalém é compreensível. Afinal de contas, Jerusalém era o lugar onde o templo encontrava-se. Lá no Monte Sião, o próprio Deus viveu (Salmo 74:2) e ali o Altíssimo havia estabelecido o ministério da reconciliação. Destruir Jerusalém como os babilônios e os edomitas estavam ansiosos para fazer é destruir o trabalho de Deus na terra. Como os fiéis choraram quando Jerusalém foi arrasada e derrubada até os seus alicerces.
Por causa de seu grande amor pelo Senhor e sua morada, o poeta invoca a mais horrível punição sobre si, se esquecer de Sião. “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria” (137:5-6).
Perceba que o salmo não apenas contém algumas palavras terríveis sobre a Babilônia, mas o poeta primeiro faz um juramento auto-imprecatório sobre si mesmo. Se ele esquecer de Jerusalém, poderia ter um derrame com todos os terríveis efeitos colaterais! O fato de o poeta invocar um julgamento terrível sobre si mesmo antes de falar da Babilônia é muitas vezes esquecido. Ele é sensível as maldições e bênçãos da aliança. Deus não disse que aqueles que não reverenciam o Senhor Deus receberiam doenças terríveis (Deuteronômio 28:59-61)? Ele aplica essa verdade muito concretamente a si mesmo.
Uma vez que o poeta faz um juramento auto-imprecatório, este salmo nitidamente não é uma vingança contra a Babilônia. Não, ele está pensando na honra a Deus e na ira divina para aqueles que não o reverencia. Ao manter a honra de Deus centralizada, o poeta fala de acordo com a Palavra de Deus. Mesmo aquelas horríveis linhas sobre a Babilônia condenada a destruição e, “Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra”, condizentes com o que os profetas já haviam falado. Teria Isaías, por exemplo, comunicado a mensagem de Deus sobre a Babilônia de que “Suas crianças serão esmagadas perante eles” (Isaías 13; ver também Isaías 47 e Jeremias 50-51)? Em outras palavras, o poeta está simplesmente pedindo a Deus que cumpra suas próprias profecias. Criticar este salmo como inadequado leva a criticar Deus e a sua justiça contra os seus inimigos.
Salmo 139
Este Salmo é frequentemente utilizado na batalha contínua contra o aborto para mostrar que Deus é quem concede a vida no útero. Essa não é uma verdade abstrata porque Davi, o autor, reconhece que Deus o formou no útero.
“Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Salmos 139:13-16)
Pouco tempo depois dessas palavras, Davi repentinamente, parece dizer: “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso; apartai-vos, pois, de mim, homens de sangue. Eles se rebelam insidiosamente contra ti e como teus inimigos falam malícia. Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam? Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato.” (Salmos 139:19-22)
Essa impetuosidade repentina é exigida? Isso não está fora de posição? De fato, ouvi o Salmo 139 lido em sua totalidade, contudo o leitor reformado omitiu essas palavras, aparentemente porque achava que elas tremiam e eram inapropriadas no contexto.
Essas palavras suplicando a Deus que mate o ímpio, entretanto, se encaixam neste salmo e não devem ser removidos. Nesse salmo, Davi havia exaltado a Deus como Aquele que está presente em todos os lugares, conhece tudo, e sabe de todas as coisas. Davi aplicou tudo isso muito especificamente, para si mesmo.
Deus o fez em oculto e o conhece completamente, por dentro e por fora, por assim dizer. Então, Davi exclama: “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles! Se os contasse, excedem os grãos de areia; contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim.” (Salmos 139:17-18). De tudo isso Davi concluiu: “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso; apartai-vos, pois, de mim, homens de sangue. Eles se rebelam insidiosamente contra ti e como teus inimigos falam malícia. Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam? Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato.” (Salmos 139:19-22).
Davi afirma tudo isso com integridade e assim finaliza o salmo pedindo ao Senhor que sonde seu coração e mente e o guie pelo caminho eterno (22-24). A súplica de Davi a Deus para que ele mate os ímpios mostra que o salmo é movido por um profundo amor a Deus e um puro ódio daqueles que desprezam o Senhor. Esses versos, portanto, formam uma parte integral do salmo e nos ajudam a apreciar sua profunda afeição por Deus.
Mas, como tudo isso nos influencia hoje? O que fazemos quando cantamos salmos como o Salmo 137 e 139? Devemos cantá-los?
Questões acerca do objetivo da vida
É óbvio que o nosso amor por Deus e sua obra deve ser tão essencial em nossas vidas, quanto foi para aqueles que primeiro cantaram o Salmo 137. Os verdadeiros crentes acima de tudo, desejam que Deus seja reconhecido pelo que Ele é, como Senhor e Salvador da vida, que faz novas todas as coisas. Um profundo amor por Deus também significa anseio pelo dia da volta de Cristo, quando todos os joelhos se curvarem para glorificá-Lo. Mas o anseio por esse grande dia significa também anseio pelo dia em que a justa ira de Deus será derramada sobre um mundo pecaminoso e sobre os inimigos da igreja. Os dois estão estreitamente relacionados. Eles não podem ser separados.
E assim, conforme olhamos para frente ansiando o Dia da volta do nosso Salvador, estamos de fato também ansiando pelo julgamento e destruição da Babilônia de hoje que se coloca em oposição ao Deus vivo e sua vontade para sua criação. E podemos aguardar esse julgamento com uma consciência limpa. A Palavra de Deus não adverte: “Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa.” (Apocalipse 18:20)? Não podemos, portanto, ainda cantar o Salmo 137? Afinal, o que Sião foi para Israel passado, isto é, a morada de Deus, assim é a Igreja hoje para nós. A igreja é o templo do Deus vivo, onde Deus habita (I Coríntios 3:16) e Ele reúne para si o seu povo. Ai daqueles que impedem esse trabalho! Nós também somos chamados a lembrar Sião na plenitude da vida nesta era pós-moderna. “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém…” (Salmos 137:5).
Por razões semelhantes, pode-se perguntar, por que todo o Salmo 139 não deveria ser cantado. Aqueles belos versículos que descrevem a grande obra de Deus, incluindo seu trabalho de dar uma nova vida no ventre, não dão justificativa necessária para a morte daqueles que destruíram essa vida antes que a criança possa nascer de sua mãe? É a obra de Deus que os ímpios estão atacando! Não ansiamos pelo dia, quando as clínicas de aborto que destroem a bela obra de Deus ficarão no passado? Não é incongruente que Deus permita que os ímpios que estão sedentos por sangue da igreja vivam em seu mundo? “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso; apartai-vos, pois, de mim, homens de sangue” (Salmos 139:19).
Então, ficar irritado com a oposição contra a obra de Deus, significa que nós agora lançamos maldições sobre o mundo e procuramos canções que se encaixem com o nosso humor? O que está envolvido ao cantarmos os chamados salmos imprecatórios?
A natureza dos Salmos imprecatórios
Para entender o que estamos de fato fazendo quando cantamos salmos imprecatórios, precisamos primeiro tomar conhecimento de algumas características principais nesses salmos. Usando o exemplo do Salmo 137, pode-se observar que o poeta pede a Deus que se lembre de Edom, implica que Deus deveria punir aquela nação. Nada mais é dito. Quando se trata de Babilônia, nenhuma maldição é pronunciada, apenas o sentimento de que “Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.” (Salmos 137:9) O poeta está muito perturbado e esse é o seu sentimento, mas ele não chama maldições à Babilônia. Antes, ele se refere a profecia anterior (Isaías 13:16).
Outros salmos, contudo, especificamente invocam a Deus para matar os ímpios. Como já foi dito, este é o caso do Salmo 139. “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso; apartai-vos, pois, de mim, homens de sangue. Eles se rebelam insidiosamente contra ti e como teus inimigos falam malícia. Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam? Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato” (Salmos 139:19-22). No entanto, note que esta oração é motivada por um zelo pelo Senhor e, isto é, consistente a justiça de Deus. O clamor por retaliação é realmente um chamado a Deus para exercer sua justiça. Isto é especialmente claro no Salmo 79, que suplica a Deus: “Derrama o teu furor sobre as nações que te não conhecem e sobre os reinos que não invocam o teu nome” (versículo 6). O contexto é a destruição do templo e de Jerusalém (versículo 1-4). A justificação é a honra e a glória de Deus. “Assiste-nos, ó Deus e Salvador nosso, pela glória do teu nome; livra-nos e perdoa-nos os pecados, por amor do teu nome. Por que diriam as nações: Onde está o seu Deus? Seja, à nossa vista, manifesta entre as nações a vingança do sangue que dos teus servos é derramado” (Salmos 79:9-10).
É importante notar, no entanto, que nos exemplos acima e também no restante do saltério, em nenhum momento o poeta pessoalmente amaldiçoa o inimigo. Os salmos são orações de Deus e o salmista pede a Deus que faça as coisas certas. Seria detestável para um pecador solicitar maldições a outro pecador como se ele fosse melhor que seu vizinho perdido. O que temos nos salmos são orações lembrando a Deus sua honra e sua justiça e a necessidade de que Deus aja para que seu nome não seja desonrado (por exemplo, Salmo 59:13; 109: 8-21). O poeta nunca faz justiça com as próprias mãos ou procura satisfazer uma vingança pessoal. Em vez disso, ele pede a Deus que lide justamente em resposta à situação na qual ele e outros crentes se encontram (por exemplo, Salmo 55:9-15; 69:23-28). Essa oração não pode ser respondida de uma maneira que se pode esperar e pode ser que se tenha que esperar um longo período. De fato, na visão de Apocalipse 6, as almas sob o altar que haviam sido mortas, por causa da Palavra de Deus e do testemunho que haviam mantido, clamaram em alta voz: “Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Apocalipse 6:10).
Em vista do exposto, descrever certos salmos como imprecatórios é na verdade um equívoco. Descrever um salmo como imprecatório significa que ele decreta uma maldição. Mas, isso não é verdade. Esses salmos oram a Deus por justiça e isso pode incluir pedir a Deus para punir de acordo com a sua justiça (Deuteronômio 28:15-68). O próprio poeta nunca amaldiçoa. Essa realidade tem implicações para usar esses salmos na adoração.
Salmos e adoração
O livro dos Salmos é um presente de Deus para sua igreja. Esses poemas são variados. Por exemplo, eles louvam a Deus (Salmo 150), exortam outros a louvar ao Senhor (Salmo 96), pedem perdão (Salmo 51), oram pela ajuda de Deus (Salmo 17), ensinam (Salmo 1) e confessam fé em Deus (Salmo 23). O Senhor incluiu todas essas orações humanas em Sua Palavra inspirada e assim as apropriou para o seu povo usar na adoração a Ele. Essa apropriação inclui os chamados salmos imprecatórios. Ele nos permite dizer o que está contido neles, quando nos dirigimos a ele. Podemos, portanto, usá-los no culto e em nossas lares.
Ao usá-los, o seguinte deve ser mantido em mente. Quando cantamos os chamados salmos imprecatórios, estamos nos dirigindo a Deus em oração. É preciso haver uma razão para tal oração, seja um sermão ou circunstâncias pessoais, e devemos estar conscientes do contexto adequado. Para ilustrar esse momento, voltemos aos salmos 137 e 139 novamente.
Com respeito ao Salmo 139, não há, em princípio, muita diferença entre os exilados na Babilônia e nossa situação atual. Por fim, estamos em uma terra estranha. No final do dia, os cristãos como uma nova criação não pertencem a este mundo caído, mas aguardam a nova criação. Esse anseio pelo novo aperfeiçoa a nossa sensibilidade à zombaria do maligno que tem uma grande força em nosso mundo (I João 5:19) e zomba do Deus vivo. É com justa razão, que a Escritura caracteriza os poderes ímpios contra o Deus vivo e sua agenda como Babilônia, o atormentador do povo de Deus (Apocalipse 14:8;17:5). Canções como o Salmo 137 lembra-nos dessa realidade. Não podemos estar em casa em um mundo onde Deus é ridicularizado, mas devemos nos opor a tal blasfêmia, e orar pelo triunfo do nome e do reino de Deus, um triunfo que só virá através da destruição completa das forças malignas neste mundo. Quando um sermão nos leva a esse ponto, ou nos sentimos cercados pelos poderes do mal e ficamos tristes com o desprezo desdenhoso dado a Deus, ansiando pela Jerusalém acima, então podemos cantar o Salmo 137. “Lembre-se, ó Senhor, do que os edomitas atuais realizam para destruir os alicerces dos princípios morais cristãos em nossa terra!” (Salmos 137:7). Deixamos ao Senhor como Ele deseja responder a essa oração. Contudo, quando Ele julgar o julgamento será terrível.
Com respeito ao Salmo 139, novamente há pouca dificuldade em nos colocarmos na posição do poeta. Quão maravilhosa é a grandeza do Senhor e quão bela é a obra de sua mão, quando Ele enlaça uma nova pessoa no ventre de sua mãe. E, portanto, quão indigno nós também podemos ser quando inúmeros abortos acontecem, e milhões de vidas humanas são extintas em rebeldia ao que Deus deu em uma nova vida. Então, é possível que nós oremos: “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso!… Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem?” (Salmo 139:19,21). Esta é uma oração de uma pessoa ofendida que vê a obra de Deus desprezada e vem em defesa de sua honra. Como Deus responde está fora de nossas mãos. Mas Deus nos permite expressar tais palavras. Eles são parte de Sua Palavra, que pode ser usada na adoração, seja na igreja ou em nossos lares. Nosso Salvador também usou, citou e a mencionou ao assim chamado salmos imprecatórios (Por exemplo, Mateus 11:23; Isaías 14:13-15; Lucas 19:44; Salmo 137:9).
Ao utilizarmos esses Salmos, devemos estar muito conscientes de que a vingança pertence ao Senhor. Ele pagará em seu tempo (Deuteronômio 32:25; Hebreus 10:30). Não é para nos vingarmos (Romanos 12:19) e fazer o que alguns justiceiros antiaborto fizeram ao submeter a lei em suas próprias mãos.
Nosso testemunho
O assim chamado salmos imprecatórios relembram-nos da seriedade do pecado e da justiça de Deus. No entanto, esses salmos também nos lembram da nossa necessidade em testificar de nosso Senhor e Salvador, pois Deus nos ordena a amá-lo e a nosso próximo como a nós mesmos. Orar pela punição de Deus contra alguém é um pensamento que não deve surgir naturalmente ou sem muita ponderação. Não deve ser feito por motivos pessoais, mas sempre com uma perspectiva da glória de Deus. Nós, por natureza, não somos melhores do que aqueles que odeiam a Deus (Romanos 3.9-18) e devemos fazer todo o possível para buscar o bem de nosso próximo, incluindo aqueles que poderíamos contar como nossos inimigos pessoais. Devemos abençoar e não amaldiçoar aqueles que nos odeiam (Lucas 6.27-28). E que bênção poderia ser maior do que ser instrumento de Deus para ganhar nosso próximo para Cristo. Deus não tem prazer na morte de um pecador (Ezequiel 18.23; 33.11) e nem nós devemos ter. Tudo isso exige que confessemos a Cristo e sua redenção e busquemos o eterno bem-estar de nosso próximo, independentemente da oposição ou das consequências (conforme Mateus 10.32-33). Como Cristo disse:
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5.14-16.
Ao mesmo tempo, como observado acima, pode haver momentos e ocasiões em que cantar e orar pelo julgamento de Deus sobre os ímpios é apropriado para o bem da glória de Deus, para restringir os poderes das trevas e para a vinda de seu reino em perfeição. Nesses momentos, devemos resistir ao espírito da época que nega a realidade do pecado e da dívida da humanidade para com Deus e só quer falar de paz, recusando-se a admitir que Satanás está em uma guerra mortal com Deus e seu povo.
Tradução: Alaíde Monteiro.
Revisão: Thaís Vieira.
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