Cantai um novo cântico!

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mão segurando um microfone

Dentro da federação de igrejas, ouvimos e lemos cada vez mais das noites musicais especiais. Esses eventos de música instrumental e vocal são certamente um maravilhoso banquete para os ouvidos e almas, além das performances regulares de corais muito apreciadas. A música afinal é muito importante para a vida de um cristão. De fato, é um dos dons mais preciosos de Deus. A música pode ajudar a elevar o espírito em gratidão a Deus por suas bênçãos. Pode também transmitir o poderoso lamento do coração sobrecarregado cuja única esperança está no Deus da vida.

Segundo as Escrituras, Deus espera que o louvemos com música. Por exemplo, Salmos 33: 1-3 pede:

Regozijai-vos no SENHOR, vós justos, pois aos retos convém o louvor. Louvai ao Senhor com harpa, cantai a ele com o saltério e um instrumento de dez cordas. Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo.

O salmo prossegue observando as razões para as exortações à produção musical. Porque o Senhor é reto e verdadeiro e fiel em tudo o que faz. Ele ama a retidão e a justiça e a terra está cheia de seu amor infalível (vv 4-5).

A música, portanto, tem um lugar importante em nossa vida de gratidão diante de Deus. Mais importante ainda, o Senhor se deleita nisso. Podemos louvar o nosso Deus com todos os tipos de instrumentos e o Senhor até nos incita a “cantar uma nova canção”. Qual é o significado disso?

Nosso envolvimento pessoal no canto

Uma coisa é ouvir música; outra é estar realmente envolvido em fazê-la você mesmo. Aqueles que passam horas praticando para tocar um instrumento musical podem no fim sentir como se o instrumento fosse uma extensão de si mesmos. Por meio de seu instrumento, eles podem expressar seus sentimentos e emoções. A música produzida fala com eles e pode falar deles.

Quando se trata de cantar, isso é ainda mais verdadeiro. Na voz humana, o Senhor nosso Deus nos deu um instrumento musical único e versátil, um instrumento que todos nós temos! É um fato notável que, embora o Antigo Testamento é cheio de referências a instrumentos musicais, especialmente no que diz respeito à liturgia do templo (1 Crônicas 15:16; 23: 5; 25: 6-7; 2 Crônicas 5: 12-13) , o Novo Testamento é em sua maior parte silencioso sobre o seu uso. O foco está no canto e na voz humana. De fato, a Palavra de Deus apresenta o canto como parte integrante da vida cristã. Isso não é de admirar. Não se poderia esperar que aqueles que são uma nova criação em Cristo sejam eles mesmos, por meio da voz humana, o instrumento mais revelador para o louvor de sua glória?

O apóstolo Paulo exorta os efésios e a nós a sermos cheios do Espírito e então ele continua:

Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo;”. (Efésios 5: 19-20)

A vida de gratidão é uma vida cheia de música! Para aqueles cheios do Espírito, é para ser uma música e cântico moldados pela Palavra de Deus. Como o mesmo apóstolo disse aos Colossenses: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.” (Colossenses 3:16). Quando a Palavra de Deus molda nossos pensamentos e palavras, então certamente o próprio Deus nos dá o conteúdo de nosso canto. Então cantamos em resposta ao trabalho de Deus em nossas vidas e, mesmo que uma música já seja velha, ela se torna nova para nós de novo e de novo.

Novos Cânticos

Quando Davi experimentou o perdão e a libertação de Deus, então ele reconheceu no Salmo 40 que foi o Senhor quem “pôs um novo cântico na minha boca” (v 3). Uma nova canção para cada nova libertação que o Senhor deu provocou uma outra resposta alegre em música.

Nós, hoje, pela graça de Deus, podemos ser os beneficiários das canções de louvor e ação de graças que Davi compôs e cantou. Que privilégio ter o Saltério completo em nosso Livro de Louvor com o qual articular nossos agradecimentos a Deus. E não apenas isso, mas nos Salmos podemos ter um inventário tremendo para todos os tipos de ocasiões. Como Calvino escreveu em seu prefácio ao seu comentário sobre os Salmos,

O Espírito Santo tem aqui trazido à vida todos os sofrimentos, tristezas, medos, dúvidas, esperanças, preocupações, perplexidades, enfim, todas as emoções perturbadoras com as quais as mentes dos homens querem ser agitadas.

Embora devamos reconhecer com gratidão a grande herança dada por Deus no Saltério, também precisamos fazer justiça ao fato de que somos também exortados a cantar novos cânticos para o Senhor. Os Salmos que nos foram dados não deixam dúvidas sobre isso. Eles nos ordenam: “Cantai ao Senhor um novo cântico!” (Salmos 33: 3; 96: 1; 98: 1; 149: 1).

Qual é o significado dessa exortação? Destaca-se o fato de que cada geração precisa expressar novamente o milagre dos grandes atos de salvação de Deus em suas vidas. Cada geração precisa articular seus agradecimentos e elogios por isso. Podemos e devemos continuar a usar os Salmos para esse propósito. Eles são o nosso principal livro de músicas. Mas o Senhor também espera que sua igreja siga em frente e expresse sua gratidão novamente em cada geração com suas próprias palavras, contanto que essas canções sejam moldadas pela Palavra e Espírito (Colossenses 3:16). É por esta razão que o nosso Livro de Louvor não tem apenas todos os Salmos, assim como outras composições da Escritura, mas também hinos que foram compostos depois que a Palavra de Deus foi completada. Nós temos hinos do tempo da igreja primitiva, desde o tempo da Reforma, bem como de tempos recentes. E é assim que deve ser. “Cantai ao Senhor um novo cântico!” Estas são músicas moldadas pela Palavra de Deus e, portanto, focam em Deus e na sua glória.

Cantando em comunhão

Uma das maravilhas do canto é que ele intensifica nossa linguagem cotidiana e a leva a novas alturas e formas de expressão. O canto e a música enfatizam o que dizemos. É, portanto, uma maneira poderosa de comunicar nossos agradecimentos a Deus, bem como nossos pedidos e súplicas. Isto é especialmente verdade quando um grupo de pessoas ou uma congregação inteira canta a mesma música juntos. De fato, é uma experiência comovente, pois cantar salmos e hinos é uma forma de louvar a Deus e orar a Ele. Quando feito em uníssono, é muito encorajador e sentimos uma comunhão uns com os outros como crentes que confessam o mesmo Salvador.

Essa comunhão também pode ser experimentada com os santos da antiguidade. Quando cantamos um salmo de Davi, como o Salmo 51, reconhecendo nossa indignidade e nosso pecado, então experimentamos comunhão com ele. Ou, se cantarmos o Salmo 90, sentimos nosso parentesco com Moisés e sua percepção da transitoriedade da vida. Tudo isso é encorajador para a fé. Afinal, os salmos são um lembrete de que não somos os primeiros a viajar nesta vida com todas as suas alegrias e tristezas. Podemos ser fortalecidos pelo conhecimento de que o Senhor nosso Deus tem sido fiel a inúmeras gerações passadas, como também articulado nos salmos. Essas músicas também são um lembrete de que Ele continuará sendo fiel no tempo que virá.

Sim, ele vai! Na verdade, o futuro será melhor do que podemos imaginar. Um dia haverá uma multidão inumerável de todas as nações cantando o louvor de Deus na presença do Cordeiro. Essa grande multidão será o número completo que foi reivindicado por Deus e terá o nome do Pai escrito em suas testas (Apocalipse 14: 1).

E cantavam um cântico novo diante do trono” (Apocalipse 14:3).

Quando refletimos sobre tudo isso, percebemos que, quando cantamos o louvor de Deus, estamos em comunhão com a igreja de todas as eras. No deleite de louvá-lo, podemos também ter uma antecipação da alegria que virá quando, literalmente, todos na terra estarão louvando a Deus em um novo mundo. Como o Salmo 98 já exortou: “Exultai no Senhor toda a terra; exclamai e alegrai-vos de prazer, e cantai louvores.”. Um dia, essa canção mundial em plenitude será uma realidade completa! Louve ao Senhor!


Tradução: Letícia Cortês.

Revisão: Thaís Vieira.

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