As promessas do batismo

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Na alegre ocasião em que uma criança da congregação é batizada, muito mais é feito do que apenas uma simples cerimônia de aspergir água na criança. A forma para o batismo de crianças é lida. O batismo é uma cerimônia rica em conteúdo. Os pais devem saber sobre o significado e pano de fundo do batismo. Além disso, as crianças, enquanto crescem, devem aprender por que elas próprias foram batizadas, pois um sacramento não é uma cerimônia mágica, mas um sinal significativo.(2) A Forma explica o significado deste sacramento para que possamos saber o que Deus requer no batismo.

Uma das coisas explicadas na Forma é o significado da fórmula batismal. Antes de nosso Senhor Jesus Cristo deixar este mundo para ir para o céu, Ele disse aos seus discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mt 28.19). Isso é explicado na Forma como uma declaração tripla:

– O Pai testifica para nós que Ele estabelece um pacto eterno de graça conosco…;

– O Filho nos promete que Ele

nos lava em seu sangue de todos os nossos pecados…;

– O Espírito Santo nos assegura que Ele habitará em nós e nos tornará membros vivos de Cristo. 

A questão pode ser levantada se a explicação dada na Forma para o Batismo estiver correta. Talvez a mais difícil dessas três afirmações seja a terceira, a do Espírito Santo. Estas palavras podem ser aplicadas a todas as crianças que são batizadas? O Espírito habita em todas elas?

As Escrituras são claras sobre a questão da habitação do Espírito Santo: Ele não habita automaticamente no povo de Deus. O texto básico para isso é o que Pedro explicou aos seus ouvintes no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”  (At 2.38). Pedro está falando aqui aos judeus que assumiram a responsabilidade pela crucificação de Jesus Cristo (At 2.36). Agora que eles viram e ouviram falar da exaltação de Jesus Cristo, não devem mais rejeitá-lo, mas eles devem crer nEle. Assim, seus pecados serão perdoados e receberão o Espírito Santo. Isso mostra que aqueles que crêem em Deus e em Jesus Cristo receberão o Espírito Santo.Que os crentes têm o Espírito Santo habitando neles é confirmado em muitos textos do Novo Testamento. Para mencionar um, quando Paulo enfatizou a importância do Espírito Santo para a vida cristã, ele declarou: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós”. Ele acrescentou: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” Aqueles que crêem em Deus e em Jesus Cristo, a quem Ele enviou, receberam o Espírito Santo.(3) Desde o dia de Pentecostes, receber o Espírito Santo é o resultado do reconhecimento de Jesus Cristo. Aqueles que estão sem o Espírito não crêem em Deus e em

Jesus Cristo a quem Ele enviou. O Espírito Santo habita em todos os que têm a fé Neotestamentária(4).

A questão deve ser levantada sobre como a Forma para o Batismo pode falar da habitação do Espírito com relação a crianças muito pequenas. Como a Forma pode dizer sobre as crianças que o Espírito habitará nelas? Como o Espírito pode habitar nelas enquanto ainda são crianças e não tem consciência destas coisas?

Uma vez que o problema é visto na questão do Espírito Santo, ele pode ser estendido às declarações concernentes ao Pai e ao Filho. Em conexão com o Pai, a Forma para o Batismo fala sobre nos fornecer todo o bem e evitar todo mal ou transformá-lo em nosso benefício. Isto é uma referência a Romanos 8.28. Mas Paulo está aqui falando sobre aqueles que amam a Deus e que foram chamados segundo o propósito de Deus.(5) Em outras palavras, ele está falando sobre os crentes, os eleitos. Como pode a Forma para o Batismo usar essa declaração sobre os crentes para todas as crianças batizadas?

Uma questão semelhante surge em conexão com a promessa do Filho. De acordo com a Forma, “Ele nos lava com seu sangue de todos os nossos pecados e nos une com Ele em sua morte e ressurreição”. Isso também é retirado da Escritura, e pode ser encontrado em Romanos 6.5. Paulo está escrevendo aqui sobre aqueles que estão unidos a Cristo. Como a Forma para o Batismo pode usar este texto para todos os que são batizados? A Forma está correta ao aplicar estas três declarações aos filhos dos crentes?

Na discussão a seguir, trataremos particularmente da promessa concernente ao Espírito Santo, embora, no final, voltaremos a todas as três promessas. A questão é como a declaração de que o Espírito habitará neles pode ser aplicada a todas as crianças batizadas.

Outras formas

A primeira coisa a fazer é dar uma olhada no histórico dessas declarações. Nossa Forma é o resultado de um desenvolvimento. Essas Formas anteriores também falam de uma promessa do Espírito ou nossa Forma é uma exceção? A Forma está alinhada com as visões gerais da Reforma?

Nossa Forma remonta ao século 16, na sua forma atual data de 1574. Esta foi uma versão adaptada e abreviada da Forma feita por Petrus Dathenus de 1568. Dathenus tomou como modelo a forma feita em Heidelberg para as igrejas Reformadas no Palatinado e publicado em 1563. E isso remonta a Forma feita em Genebra.(5) Em outras palavras, nossa forma é o resultado de um desenvolvimento de Genebra via Heidelberg para a liturgia reformada na Holanda.

Nessas formas, ocorrem variações na formulação da promessa do Espírito. Dathenus não falou em habitação. Ele formulou a promessa do Espírito da seguinte forma: O Espírito Santo será na eternidade o professor e consolador nosso e de nossos filhos.(6) Essa formulação foi tirada da Forma de Heidelberg, feita por Olevianus.(7)

A formulação de Calvino foi diferente. Ele conecta o Espírito Santo com a regeneração, o qual ele assume como um desistir de nós mesmos na morte e um surgir para uma nova vida.(8) Ele acrescenta: “Nós recebemos, portanto, no batismo uma graça dupla e nos beneficiamos de nosso Deus, a menos que em nossa falta de gratidão, destruamos o poder desse sacramento.”(9) Deve-se notar como Calvino enfatizou a realidade do dom. Ele vê isso como recebido no batismo, a menos que seja expressamente recusado.

Esta breve visão geral mostra que não houve unanimidade na formulação da declaração sobre o Espírito. Três expressões diferentes são usadas. Elas foram tiradas de diferentes textos das Escrituras. As Formas, no entanto, falam de uma promessa do Espírito Santo que somente os crentes receberão.(10) No entanto, elas não se aplicam apenas aos crentes adultos, mas também aos seus filhos. E a pergunta que devemos fazer é como a promessa do Espírito Santo poderia ser aplicada de maneira geral. A experiência nos ensina que nem todas as crianças batizadas acabam vindo à fé e  obedecendo a Deus.

Calvino

Se investigarmos o pano de fundo teológico da afirmação sobre o Espírito Santo, descobriremos que Ele foi defendido de duas maneiras. Isso se torna aparente quando as visões de dois teólogos reformados, Calvino e Ursinus, são investigadas. Para começar com Calvino, houve um desenvolvimento em sua explicação do batismo infantil. Na primeira edição das Institutas, Calvino defendeu o batismo infantil com base no fato de que as crianças podem ter fé. Ele afirmou que nenhum homem é salvo, exceto pela fé. Por esta razão, o batismo também se aplica corretamente a crianças que possuem fé em comum com adultos. (11)

Nas últimas edições das Institutas, Calvino mudou toda a sua abordagem para a questão do batismo infantil. Ele contradiz categoricamente seu argumento anterior. Ele agora diz que os bebês devem ser colocados em uma categoria diferente dos adultos. Calvino argumenta extensivamente que os filhos dos crentes são participantes do pacto. Ele baseia seu argumento para o batismo infantil diretamente no pacto e circuncisão de Deus. Para dar uma citação um pouco longa:

E que ninguém se oponha a mim no fato de que o Senhor não tenha ordenado que sua aliança fosse confirmada por qualquer outro símbolo que a circuncisão,

a qual há muito já foi abolida. Há uma resposta pronta que, para o tempo do Antigo Testamento, Ele instituiu a circuncisão para confirmar seu pacto. Mas depois que a circuncisão foi abolida, a mesma razão para confirmar seu pacto (que temos em comum com os judeus) ainda é válida. Consequentemente, devemos sempre considerar diligentemente o que é comum a ambos e o que eles têm à parte de nós. O pacto é comum e a razão para confirmar isso é comum. Somente o modo de confirmação é diferente – o que foi circuncisão para eles foi substituído em nosso favor pelo batismo.(12)

No entanto, quando Calvino é pressionado pela oposição, ele vai além disso e parece indicar que Deus pode santificar no útero. Calvino não quer transformar isso em uma regra geral, mas ele menciona o exemplo de João Batista que foi cheio do Espírito Santo quando ainda não havia nascido (Lc 1.15)(13) Mais tarde no mesmo debate, Calvino diz que Deus usou outra maneira de chamar a muitos, dando-lhes verdadeiro conhecimento de Si mesmo por meios interiores, isto é, pela iluminação do Espírito, à parte da pregação.(14) Calvino não quer dizer que eles teriam o mesmo conhecimento de fé, mas ele não quer negar que as crianças, e até os bebês em gestação, possam ter fé.(15)

Essas citações desempenharam um papel na luta da Libertação, quando a regeneração presumida foi feita para formar a base para o batismo infantil. Esta doutrina da regeneração presumida não pode ser encontrada em Calvino. No entanto, ele considerou possível que Deus produzisse fé e arrependimento em crianças antes de serem batizadas e mesmo antes de elas nascerem. Ele atribuiu isso a uma obra particular do Espírito.

Surge a questão se a Forma para o

Batismo se refere a uma obra tão especial do Espírito Santo em crianças. Na próxima parte, esperamos dar uma olhada nos pontos de vista de Ursinus e, em seguida, responder a essa pergunta.

Ursinus

Ursinus continuou na direção estabelecida por Calvino. Ele afirmou que os filhos nascidos daqueles que crêem estão incluídos na aliança e na Igreja de Deus, a menos que se excluam. Eles são, portanto, também discípulos. O Espírito Santo os ensina de uma maneira adaptada à sua capacidade e idade.(16)

Ursinus explicou o fato de que os benefícios da remissão dos pecados e da regeneração pertencem aos filhos, pois esta é a linguagem do pacto. Isto é apoiado com referências às Escrituras, tais como: “para ser o teu Deus e da tua descendência” (Gn 17.7, ao qual são adicionados Mateus] 9:14, At 2.39, 3.25; 1 Co 7.14, Rm 11.16). Ursinus concluiu que o batismo deveria ser administrado a bebês de crentes também

porque eles são santos, a promessa é para eles, o reino dos céus é deles. Deus, que certamente não é o Deus dos ímpios, declara que Ele também será o seu Deus.(17)

Esse é o argumento da aliança. Ursinus, no entanto, acrescentou uma segunda linha de defesa. Ele também parece implicar que os filhos dos crentes têm o Espírito Santo. Ele defendeu que os bebês são discípulos, uma vez que nascem dentro da igreja e são ensinados de uma maneira adequada para eles. Ele apontou não apenas para Atos 2.39, mas também para Atos 10.47: “Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?”(18)

Ursino esclareceu sua posição em um ponto posterior em sua explicação, onde ele confrontou a objeção anabatista

baseada em Marcos 16.16, que somente os crentes podem ser batizados. Ele argumentou que as crianças podem ter o Espírito Santo e podem ser regeneradas por Ele. Dois textos são apresentados para defender que as crianças podem ser regeneradas: João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lc 1.15), e Jeremias é chamado de santificado antes de nascer (Jr 1.5). Isso é aplicado aos bebês dos crentes. “Se as crianças agora têm o Espírito Santo, Ele certamente opera nelas regeneração, boas inclinações, novos desejos e outras coisas necessárias à sua salvação.” Essa afirmação é surpreendente, pois é muito geral. Ursinus também sabia que nem todas as crianças batizadas são regeneradas. Por isso, ele acrescentou: “Ou, pelo menos, Ele lhes fornece tudo o que é necessário para o seu batismo”.(19) Ele está se referindo ao Espírito Santo, que trabalha a regeneração.(20)

Podemos notar uma mudança na argumentação. Calvino enfatizou a aliança como base para o batismo infantil. Marginalmente, ele acrescentou que o Espírito Santo pode até ter começado a trabalhar fé e regeneração em crianças no útero, sem fazer disso um argumento para o batismo infantil. Para Ursinus é claro que até as crianças podem ter o Espírito Santo para regenerá-las. Ele usou isso como um valioso apoio para o batismo infantil.

Base bíblica

A questão que deve ser considerada é se esta defesa do batismo infantil está correta. As Escrituras ensinam que o Espírito Santo habita nas crianças para regenerá-las? Existem vários problemas ligados a esta posição. Em primeiro lugar, é surpreendente que os textos de prova dados para esta opinião provenham do período errado, por assim dizer. A promessa da habitação do Espírito Santo nos crentes é uma promessa com uma data anexada a ela.

Isso não ocorreu no Antigo Testamento, pois Joel profetizou: “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão…” (Jl 2.28ss). Segundo o apóstolo Pedro, essa profecia foi cumprida no dia de Pentecostes, depois da ascensão de Jesus Cristo. A partir desse momento, o Espírito Santo vem sobre aqueles que crêem em Jesus Cristo. (At 2.38).(21) Os textos usados ​​para provar a habitação do Espírito Santo datam de um período anterior na obra de salvação de Deus. O texto de Jeremias fala sobre a dispensação do Antigo Testamento e o texto sobre João Batista precede o Pentecostes em mais de trinta anos. Eles viviam em um período diferente quando regras diferentes eram aplicadas.(22)

Vejamos também os dois textos específicos que foram mencionados em apoio. Em relação a João Batista, o anjo disse a sua mãe Isabel que seu filho seria cheio do Espírito Santo desde o ventre. Isso obviamente não é uma afirmação geral que pode ser aplicada a muitos filhos de pais crentes, mas uma declaração específica sobre uma criança em particular, João. Além disso, não é óbvio que isso se refira à regeneração em geral. Na verdade, o próprio Calvino em seu comentário sobre essa passagem, segue em uma direção diferente quando observa que “a grandeza e a excelência de seu ofício (de João) são exaltadas.”(23)

Essa é, de fato, a intenção desta declaração. A palavra “grande” fala do significado de João para o Reino de Deus(24) e não sobre sua regeneração pessoal. João será inspirado pelo Espírito Santo para ser um profeta(25) e a vida de João prova que ele era um profeta.O outro texto mencionado em apoio à regeneração infantil é Jeremias 1.5, onde Deus fala a Jeremias: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre,

te consagrei…”. O Espírito Santo não é explicitamente mencionado neste texto, mas fala de consagração ou santidade. Que tipo de santidade se entende? Uma opinião tradicional diz que essa santidade tem a ver com a remoção do pecado (original), e pode ser encontrada nos pais da igreja.(26) Em suas Institutas, Calvino parece seguir isso. Mas o mesmo Calvino enfatiza corretamente o ofício profético de Jeremias em seu comentário.(27) O texto fala de separar e consagrar para um ofício especial.(28) Jeremias está preparado para seu ofício como profeta.(29)

Devemos concluir que não há base bíblica para a posição, provisoriamente sustentada por Calvino e mais vigorosamente por Ursinus, de que uma obra especial de santificação pelo Espírito Santo possa servir como base para o batismo infantil. Os dois exemplos de Jeremias e João Batista não falam de regeneração e renovação.

A promessa no batismo

Isso nos traz de volta à Forma do Batismo. Era essa atividade tão especial do Espírito em crianças, que se refere a Forma do Batismo, quando menciona a promessa do Espírito Santo?

A resposta é não. Não há nenhum traço de especulação na forma para o batismo, conforme encontrado em teólogos reformados do século XVI, os quais afirmaram  que o Espírito Santo trabalha regeneração em bebês antes ou logo após o nascimento. Essa especulação que apareceu marginalmente na teologia do século XVI não dá suporte ao batismo infantil. A Forma se baseia diretamente no principal argumento da Escritura: o pacto. Este termo ocorre de maneira proeminente na Forma:

Deus Pai testifica e sela a nós que Ele estabelece um pacto eterno de graça conosco.

– Desde que cada pacto contém duas partes, uma promessa e

uma obrigação…

– Não devemos nos desesperar da misericórdia de Deus nem continuar no pecado, pois o batismo é um selo e um testemunho fidedigno de que temos um pacto eterno com Deus.

– O Senhor falou a Abraão, o pai de todos os crentes, e assim também fala para nós e nossos filhos, dizendo: estabelecerei a minha aliança entre mim e ti, e a sua descendência depois de você (citando Gn 17.7).

– Os bebês devem ser batizados como herdeiros do reino de Deus e de sua aliança.

– Você ouviu que o batismo é uma ordenança do Senhor nosso Deus para selar a nós e aos nossos filhos o seu pacto.

O batismo infantil não se baseia na possibilidade de que o Espírito tenha regenerado o bebê antes de ser batizado, mas sim na realidade do pacto. Segundo a instituição de Deus, os filhos dos crentes pertencem a aliança. Portanto, eles devem ser batizados.

Isso nos traz de volta à questão levantada no início, a promessa no batismo, em particular a promessa do Espírito Santo. Como devemos explicar a afirmação de que o Espírito nos assegura que Ele habitará em nós e nos tornará membros vivos de Cristo, comunicando-nos o que temos em Cristo, ou seja, a purificação de nossos pecados e a renovação diária de nossas vidas? A resposta é simples. A Forma não afirma que o Espírito realmente habita em todas as crianças batizadas. Não fala de uma situação existente. Pelo contrário, isso é apresentado como uma promessa para o povo da aliança de Deus.

Isso está em total acordo com as Escrituras. A promessa de habitação é mencionada pela primeira vez em Atos 2.39: “Pois par avós outros é a promessa, para vossos filhos…” É

condicional ao arrependimento e fé: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados” (At 2.38). Também é mencionado em Romanos 8.9-11, ali também é condicionada à fé.(30) Quando a Forma para o Batismo fala da obra interior e santificadora do Espírito, fala de promessas. Esses são grandes dons da aliança oferecida por Deus e apreendidos com as mãos da fé.

O mesmo caráter promissor pode ser visto no modo como a Forma fala sobre o significado de ser batizado em nome do Pai e do Filho. A promessa de que “Ele nos proverá com todo o bem e evitará todo mal ou o transformará em nosso benefício” é cumprida naqueles que crêem (Rm 8.28 fala de “aqueles que O amam”). E a promessa da aliança do Filho é o perdão dos pecados, e é cumprida através da nossa união com Ele, como Romanos 6.5 diz: “se fomos unidos com ele na semelhança de sua morte…”

A Forma do Batismo segue as Escrituras ao apresentar a declaração sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo como promessas. No batismo, nosso Deus Triúno promete a Si mesmo e todos os seus benefícios para nós. Estes são dons esplêndidos, concedidos por Deus e aceitos na fé.

Notas de rodapé

(1) Esta é a primeira parcela do discurso que apresentei de forma abreviada na convocação de 10 de setembro de 1999. A segunda parte será publicada na próxima edição do Clarion, D.V. [Ambas as parcelas foram combinadas em uma única versão no SpindleWorks [Ed]]

(2) Ver em o significado de sacramentos, N. H. Gootjes, ‘Teken en Zegel’ em Radix, 24, 1 (1998) 2-20.

(3) Veja isto, por exemplo, R.B. Gaffin, Perspectivas no Pentecostes: Ensinamento do Novo Testamento sobre os Dons do Espírito Santo (Phillipsburg: Presbyterian and Reformed, 1979) 16-20; N. H. Gootjes, ‘Deopere de

Heilige Geest’ em Radix 13 (1987) 153f.

(4) Veja também 1 Coríntios 3.16, 6.19; Efésios 2.21 f; 2 Timóteo 1.14; 1 Pedro 2.5, veja esses textos, por exemplo N. H. Gootjes, ‘Deopere de Heilige Geest’, 154ff.

(5) Ver C. Trimp, Formulieren en gebeden (Kampen: Van den Berg, 1978), p.37

(6) Ver no texto, J. Ens, Kort historisch bericht (ed. S. Van Velzen; Kampen: S.Van Velzen, jr., 1864), p. 164.

(7) Ver o texto, W. Niesel, Bekenntnisschriften e Kirchenordnungen der nach Gottes Wort reformierten Kirche (2ª ed .; Zurique: Zollikon, n.d.), p.

(8) O termo “regeneração” é usado no mesmo sentido no Catecismo de Heidelberg, Dia do Senhor 33.

(9) Ver para o texto, P. Barth ed., Calvini Opera Selecta (2. ed .; Miinchen: Chr. Kaiser, 1970), vol. 2, 31 e segs.

(10) Deve ser feito uma reserva para a formulação na Forma de Heidelberg. A referência ao Espírito Santo como mestre e consolador é tirada de João 14.26 e é aplicada especificamente aos discípulos de Cristo, ver C. Trimp, Betwist schriftgezag (Groningen: Vuurbaak, 1970) 25f.

(11) J. Calvin, Institutes 1536, cap. 4, 23 em P. Barth (ed.) Opera Selecta (München: Kaiser, 1926) vol. 1, 136; tradução em F.L. Batalhas (tr. E ed.) Instituição da Religião Cristã (1536), 137f.

(12) J. Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV, XVI, 6 (ed. J.T. McNeill; Filadélfia: Westminster Press) vol. 2, p. 1329

(13) J. Calvino, Institutas, IV, xvi, 17; 1340

(14) Ver também esta declaração: “Portanto, se agrada a Ele, por que o Senhor não brilha com uma minúscula faísca no tempo presente sobre aqueles a quem Ele iluminará no futuro com todo o esplendor da luz – especialmente se Ele não removeu sua ignorância antes de tirá-los da prisão da carne?”, Institutas IV, xvi, 19, ed. McNeill, 1342

(15) Ver também H. Kakes, Deop in de Nederlandse belijdenisgeschriften (Kampen: Kok, 1953) 112f. e R.S. Wallace, Doutrina da Palavra e Sacramentos de Calvino (Grand Rapids: Eerdmans, 1957) 196f. J. Van Genderen critica esse aspecto da defesa de Calvino sobre o batismo infantil, veja seu artigo ‘De doop bij Calvijn’, em W. Van ‘t Spijker a.o. edds, Rondom de doopvont (Goudriaan: De Groot, 1983) 288ff.

(16) Ursinus, Comentário sobre o Catecismo de Heidelberg (tr. G.W. Williard; repr. Grand Rapids: Eerdmans, 1956), 366.

(17) Ursinus, comentário, 367.

(18) Ursinus, comentário, 368.

(19) Ursinus, comentário, 370. Ursinus adicionou uma referência à palavra de Pedro em Atos 10.47: “Porventura, pode alguém recusar água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo? Deve-se notar, no entanto, que este texto não pode apoiar a fé infantil. A referência é falar em línguas e louvar a Deus, algo que não acontece antes do batismo infantil.

(20) Kakes argumenta que Ursinus aceitou a possibilidade da fé infantil, mas que para ele isso não era uma base para o batismo infantil, pois a verdadeira base para o batismo era a regeneração e o dom do Espírito Santo, veja seu Deop in de Nederlandse. belijdenisgeschriften, 114.

(21) Isso explica os preenchimentos especiais com o Espírito, conforme registrados em Atos: eles são o resultado da fé em Jesus Cristo; veja N. H. Gootjes, ‘Deopere de Heilige Geest’, 154ff.

(22) Ver também C. Trimp, Woord, water en wijn (Kampen: Kok, 1985), 58f.

(23) J. Calvino, Comentário sobre a Harmonia dos Evangelhos (tr. W. Pringle; repr. Grand Rapids: Baker, 1984) vol. 1, 17f. Calvino reconhece que a influência abundante do Espírito em João foi um dom extraordinário de Deus. No final, no entanto, Calvino faz esta afirmação

geral: “Vamos aprender com este exemplo que, desde a mais tenra infância até a última velhice, a operação do Espírito nos homens é livre”.

(24) Assim S. Greijdanus, Het heilig evangelie naar de beschrijving de Lucas, vol. 1 (Amsterdã: Van Bottenburg, 1940), 30.

(25) H.A.W. Meyer, O Evangelho de Lucas (RE Wallis, tr .; Lago Winona: Publicações Alfa) 236 e A. Plummer, O Evangelho segundo S. Lucas (5. ed .; Edimburgo: T. & T. Clark, 1922) 14 , identifica esta função como o nazireu, mas Greijdanus concorda com Lagrange que a posição de John era diferente, veja seu Lucas I, 30f. Ele inclui, de qualquer modo, o ofício profético, Lucas 1.15 parece dizer que sua obra como profeta começou no útero, e que seu pulo no útero é sua primeira profecia, ver Meyer, The Gospel of Luke, 236; Greijdanus, Lucas, I, 31; J. Van Bruggen, Lucas (2. ed .; Kampen: Kok, 1996) 38.

(26) B.N. Wambacq, Jeremias (BOT; Roermond e Maaseik: Romen, 1957) 28.

(27) J. Calvino, Comentários sobre o livro do profeta Jeremias e as Lamentações (repr. Grand Rapids: Baker, 1984) I, 35f.

(28) C.F. Keil, Jeremiah (tr. C.F. Keil; Grand Rapids: Eerdmans, 1968) 39f. Essa é a razão pela qual o verbo não é mais traduzido como ‘feito santo’, mas como ‘consagrado’ (RSV, NRSV, NASB) e como ‘separado’ (NIV). Essas traduções impedem os mal-entendidos encontrados em Calvino.

(29) Ver os comentários sobre Jeremias por A: Van Selms, Jeremia, vol. I (Callenbach: Nijkerk, 1972) 5; J.A. Thomson, O Livro de Jeremias (Grand Rapids: Eerdmans, 1980) 145 e B.J. Oosterhoff, Jeremia vol. I (Kampen: Kok, 1990) 90.

(30) Marque o uso de ‘se’ no v. 9: “Você, no entanto, não é controlado pela natureza pecaminosa, mas pelo Espírito, se o Espírito de Deus vive em você” (NIV). Este ‘se’ não está inserido para fazer os crentes romanos duvidarem se eles têm o Espírito, ver o final de v. 12, 15f. Mas isso liga a habitação do Espírito à crença em Jesus Cristo, veja v. 9b: “E se alguém não tem o Espírito de Cristo, ele não pertence a Cristo. Veja os comentários de J. Calvino, Romanos ( J. Owen, deputado Grand Rapids: Baker, 1984, 290, S. Greijdanus, De brief van den apóstolo Paulus aan de gemeente para Roma vol 1 (Amesterdão: Van Bottenburg, 1933) 363; CEB Cranfield, A Epístola para os romanos (Edimburgo: T. & T. Clark, 1975) 387 F. JDG Dunn discorda, Romanos 1-8 (Dallas: Word Books, 1988) 444, mas isso é causado por sua visão sobre o batismo com o Espírito Santo.


Tradução: Marcel Tavares

Revisão: Ester Santos

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