Para onde foram todos os diáconos?

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mãos estendidas

Eis aqui uma tarefa interessante para os catecúmenos. Dê-lhes instruções para pesquisar ou investigar as igrejas em suas comunidades e descobrir quantas dessas igrejas têm diáconos entre os seus oficiais? Ah, e se algumas dessas igrejas disserem que têm diáconos, os alunos devem perguntar-lhes: “O que eles fazem? Que tipo de tarefa eles têm na congregação?”. Para você ver, em algumas igrejas, o nome “diáconos” é usado para homens (e mulheres) que cuidam de assuntos que têm a ver com as finanças e as propriedades da igreja. Eles fazem o trabalho de uma comissão ou um conselho de administração.Eis aqui uma tarefa interessante para os catecúmenos. Dê-lhes instruções para pesquisar ou investigar as igrejas em suas comunidades e descobrir quantas dessas igrejas têm diáconos entre os seus oficiais? Ah, e se algumas dessas igrejas disserem que têm diáconos, os alunos devem perguntar-lhes: “O que eles fazem? Que tipo de tarefa eles têm na congregação?”. Para você ver, em algumas igrejas, o nome “diáconos” é usado para homens (e mulheres) que cuidam de assuntos que têm a ver com as finanças e as propriedades da igreja. Eles fazem o trabalho de uma comissão ou um conselho de administração.

Em suma, não levará muito tempo para esses estudantes descobrirem que o ofício dos diáconos, pelo menos como a Bíblia o descreve, está quase extinto hoje. Somente em certas igrejas presbiterianas e reformadas esse ofício ainda existe e funciona. Em outros, nunca existiu ou já foi perdido ao longo do caminho.

Quão triste

E isso é um acontecimento triste por uma série de razões. O que é que mantém a igreja e seus membros em sintonia com a consciência de que o lado material da vida exige mordomia cristã diligente? O que ressalta o fato de que a comunidade cristã deve ser uma comunidade caritativa e solidária? Além disso, o que garante que os membros da igreja não precisam se preocupar se terão ou não pão na mesa? Além disso, o que ilustra mais lindamente que nosso Deus é Senhor de toda a vida e ministra não apenas para as necessidades da alma, mas também para as do corpo?

Um ofício necessário

A igreja precisa desse ofício. Precisa por causa da saúde e do bem-estar dela. Ela também precisa disso por causa da sua reputação. Quais são as acusações mais comuns e angustiantes feitas contra a Igreja? Que a igreja tem fome por dinheiro. Quantas vezes não me disseram ao longo dos anos que a única coisa que a igreja quer das pessoas é o seu dinheiro? De fato, muitos pensam que a igreja se especializou em encontrar maneiras de fazer viúvas e outras pessoas solitárias e vulneráveis entregar seu dinheiro. A igreja, portanto, precisa deste ofício para contrariar a impressão popular de que é uma instituição gananciosa.

Ainda assim, há mais em jogo aqui do que a reputação. Há também a questão da visão bíblica. Como é possível que mesmo as igrejas que se orgulham do seu compromisso com a Bíblia e seus ensinamentos parecem ser cegas quando se trata desse ofício?

Falando biblicamente

Agora, é claro, eu entendo que Atos 6 continua em discussão quando se trata do ofício do diácono. A interpretação tradicional é que aqui encontramos a origem desse ofício. Uma visão mais recente tropeça sobre o fato de que a palavra atual para “diácono” não é usada aqui e, portanto, prefere falar sobre algum tipo de precursor desse ofício. No final, seja qual for a abordagem que tomamos, ninguém nega que Atos 6 descreve o fato de que a igreja cristã primitiva reservou sete homens para cuidar da distribuição diária de alimentos. Em outras palavras, esses homens foram designados como trabalhadores diaconais.

Mas, então, se Atos 6 fala sobre o surgimento deste ofício de uma forma ou de outra, também é evidente que em 1 Timóteo 3 o apóstolo Paulo fala sobre suas qualificações. Lá, ele se refere a homens que são “é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância” (v. 8). Ele também os descreve como homens que “conservam o mistério da fé com a consciência limpa” (v. 9) e insiste em que sejam experimentados. Além disso, Paulo também tem algo a dizer sobre suas esposas serem “esposas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (v.  11).

Talvez deva ser acrescentado que alguns veem a referência às “esposas” em 1 Timóteo 3.11 como não se referindo realmente às esposas dos diáconos, mas sim às diaconisas. Daí eles tornam o texto em algo como:

“Da mesma forma, as diaconisas devem ser mulheres dignas de respeito …”

Afinal, havia diáconos do sexo masculino e feminino nos tempos bíblicos? Nós vamos deixar esse debate para outra oportunidade. O ponto a ser feito aqui é que em 1 Timóteo 3 encontramos as qualificações de um ofício em particular, um ofício que teve a preocupação do apóstolo Paulo. Por que ele se preocuparia em listar essas qualificações e passá-las para Timóteo e para todas as igrejas se ele estivesse apenas descrevendo algo peculiar e limitado a um determinado tempo e lugar?

A prova de que essas qualificações não são limitadas, mas têm influência na vida da igreja em outros lugares também pode ser encontrada em Filipenses 1.1. Pois, em suas palavras iniciais, Paulo afirma que sua carta é dirigida “a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos”. Certamente, a impressão que recebemos nesta forma de falar é que o apóstolo está simplesmente mencionando um ofício comum e dois ofícios especiais na igreja. Em Filipos e em outros lugares, a igreja foi conhecida pelo fato de que não só tinha “santos”, mas também “presbíteros e diáconos”.

Uma descrição do trabalho

No entanto, a questão também pode ser feita: “Onde está a descrição do trabalho para esses homens? Por que o apóstolo Paulo não fornece isso também?”. Com toda a honestidade, temos que dizer que não temos respostas para essas questões, exceto para dizer que, de certa forma, todo o Antigo Testamento nos dá uma descrição de trabalho diaconal. Se um diácono voltasse para o Antigo Testamento e estudasse como Deus queria que seu povo lidasse com as viúvas, os necessitados e os forasteiros em seu meio, ele teria muito pelo que passar. Se, além disso, estudasse as várias leis do Antigo Testamento que têm a ver com ceifa e colheita, bem como os regulamentos que regem o ano sabático e o Ano do Jubileu, ele encontraria mais princípios para implementar.Além disso, se um diácono prestasse atenção ao ministério do Senhor Jesus, ele descobriria todo tipo de instruções sobre como tratar os excluídos, bem como uma ilustração vívida do que significa servir e ser um servo. Adicione a tudo isso um número de instruções apostólicas e prescrições e o cenário está definido. Está definido de forma ampla o ofício e uma tarefa que alcança toda a igreja.

Mas não alcança apenas a igreja; também se estende ao mundo. Se as referências aos forasteiros no Antigo Testamento e a parábola do Bom Samaritano significam qualquer coisa no Novo Testamento, então eles sublinham o fato de que a misericórdia e a caridade devem ser mostradas não apenas para a família de Deus. É verdade que essas qualidades devem ser exibidas primeiro na “família da fé”, mas também não devem excluir fazer “o bem a todos” (Gálatas 6.10).

De forma mais marcante, a Forma para a Ordenação de Presbíteros e Diáconos utilizada em nossas igrejas descreve a tarefa dos diáconos e da congregação diaconal quando diz: “Hoje em dia o SENHOR nos chama a mostrar hospitalidade, generosidade e caridade para que os fracos e necessitados possam compartilhar abundantemente da alegria do povo de Deus. Não deve haver ninguém na congregação de Cristo que viva sem consolação quando tiver o peso da doença, solidão ou pobreza.”1

Um apelo final

Basta dizer então que há uma ampla razão para que possamos manter o ofício de diácono hoje, para orar por aqueles que foram investidos com esse ofício e para encorajar as igrejas em todos os lugares a dar séria consideração à criação e promoção deste mais belo ofício bíblico.

Nota:
1 Para acessar a forma para a ordenação de presbíteros e diáconos, acesse: http://www.igrejasreformadasdobrasil.org/culto/forma-para-ordenacao-de-presbiteros-e-diaconos.


Artigo publicado originalmente na Revista Diakonia (Canadá), 2002.

Tradução: Marcel Tavares.

Revisão: Thiago McHertt.

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