Na maioria das congregações, precisamos, nesta época do ano, buscar não apenas novos presbíteros para tomar o lugar daqueles que se aposentam, mas também de novos diáconos. O que o Conselho procura quando nomearem um irmão para o cargo? O que devemos procurar quando considerarmos em qual candidato votar?
Qualificações bíblicas
O Senhor nos deu instruções específicas na Bíblia sobre as qualidades que Ele deseja ver nos chamados para o ofício de diáconos. A menos que uma pessoa atenda a esses critérios, nenhuma reunião do Conselho poderá nomear o irmão para o cargo, e nenhum membro da congregação poderá dar-lhe seu voto. Paulo foi movido pelo Espírito para registrar esses critérios:
“Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus.” (1 Tm 3.8-13)
A essência do trabalho
Quando tudo estiver dito e feito, todo irmão da congregação deve se encaixar nestes critérios (embora na desolação desta vida nem todos façam). Mais precisa ser dito, logo, ao considerar a questão de quem deveria ser nomeado para o cargo, e quem dos irmãos nomeados deveria receber um voto. Desejo dedicar algum espaço para detalhar a essência do trabalho do diácono. À medida que esse trabalho fica mais claro, também podemos determinar melhor quem é capaz de fazê-lo.
Comunhão dos santos
A congregação de Jesus Cristo em Corinto é, diz Paulo, um corpo: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo” (1 Coríntios 12:27). Essa realidade tem consequências, pois um corpo, por definição, deve trabalhar em conjunto. A fim de impressionar os coríntios em quão importante cada indivíduo é para o bom funcionamento da congregação como um todo, Paulo compara o corpo espiritual de Cristo ao corpo físico humano. O corpo humano é a soma total de todos os seus membros, e cada membro tem sua contribuição específica para o bem estar de todo o corpo.
Ele escreve assim: “Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra. Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” (1 Co 12.14-26)
O corpo de Cristo não funciona de modo diferente do corpo humano, na medida em que todos os membros compõem individualmente um todo, e todos os membros precisam um do outro. Assim Paulo conclui: vóis sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo (v. 27)
Busquem os benefícios mútuos
Essa realidade descrita aqui pelo apóstolo era evidente no modo como os crentes em Atos 2 interagiam uns com os outros.
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” (At 2.42-47)
Essas pessoas compreenderam que, como um grupo, elas estavam unidas em um só corpo por meio de sua fé compartilhada em Cristo, e demonstravam essa união em ações que buscavam benefício mútuo.
O mesmo pode ser encontrado em Atos 4:32, sobre o corpo dos crentes em Jerusalém: Agora a multidão daqueles que criam era de um só coração e uma só alma; tampouco ninguém disse que qualquer uma das coisas que possuía era sua, no entanto tinham todas as coisas em comum.
Os mesmos capítulos do livro de Atos nos diz de grandes números chegando à fé. Atos 1:15 registra 120 pessoas, enquanto no dia de Pentecostes cerca de 3.000 almas foram acrescentadas (Atos 2:41). Em Atos 4: 4, lê-se que o número de homens sozinho totalizava 5.000, aos quais os crentes eram acrescentados progressivamente… multidões de homens e mulheres. Consequentemente, quando chegarmos a Atos 6, poderíamos estimar que pode ter havido uma congregação considerável de cerca de 20.000 pessoas
Embora, atos 6 nos diga que o crescimento da igreja levou as suas próprias dificuldades, em relação ao efetivo funcionamento da comunhão dos santos. Ora, naqueles dias, quando o número dos discípulos estava se multiplicando, surgiu uma murmuração contra os hebreus pelos helenistas, porque suas viúvas foram negligenciadas na distribuição diária (Atos 6: 1). Possivelmente, as viúvas de língua grega não receberam a comida a qual precisavam, ou talvez eles não estivessem presentes no trabalho de distribuição de alimentos. De qualquer forma, o fato é que, as limitações dessa vida fragmentada, causaram o mau funcionamento do corpo. Algo não estava certo na igreja de Jesus Cristo.
Os primeiros diáconos
Como os apóstolos trataram esse problema? Eles reconheceram a importância de dedicar-se totalmente ao ministério da reconciliação, tendo em vista que era assim que eles levavam as pessoas à fé. Então os apóstolos vieram com esta solução:
“Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.” (At 6.2-4)
Se os apóstolos tivessem que se envolver no funcionamento real da comunhão dos santos, teriam que fazê-lo à custa do seu trabalho principal. Desta forma, eles nomearam e ordenaram sete homens para o ofício de diácono. Os sete homens não são chamados diáconos em muitas palavras, mas sua função específica (servir mesas) capta o trabalho que caracteriza o diácono; ele serve. A palavra grega servir é simplesmente a forma verbal do nome diácono esses sete homens tiveram que servir às mesas. Assim, o nome do diácono
Cada igreja de Jesus Cristo é um corpo, com cada pessoa como membro. Esse corpo (como o corpo humano) precisa funcionar coletivamente; cada membro precisa atuar para o benefício dos outros membros. Na fragilidade permanente desta vida, isso pode exigir organização. É quando a espontaneidade não inclui a necessidade de os diáconos se envolverem. Seu auxílio é o ministério de misericórdia: deixar as pessoas provarem a misericórdia de Deus. Para esse fim, os diáconos ajudam e encorajam os membros da congregação a em seguida, cuidar uns dos outros, para serem a comunhão dos santos que o corpo de Cristo deve ser.
Encorajar
É claro que, para conhecer as necessidades e certificar que o apoio apropriado seja dado pela membresia, os diáconos precisam entrar na congregação e visitar os membros. Eu percebo que: normalmente entendemos a coleta e distribuição de dinheiro como o coração das atividades dos diáconos (administrar as sacolas de coleta é o que todos nós vemos que eles fazem na igreja). Mas aqui entendemos o assunto erroneamente. Distribuir esmolas aos pobres é apenas uma pequena parte do ministério de misericórdia. O dever mais importante dos diáconos é assegurar que a comunhão dos santos funcione bem. Portanto, os diáconos precisam fazer visitas a todos os membros e, em suas visitas, definir (nesta ordem!). Se os dons que Deus deu a estes membros são utilizados adequadamente para o benefício de outros membros do corpo, e se há algumas necessidades na casa visitada que não está sendo atendida pela membresia
Onde os presentes não estão sendo aproveitados para o benefício dos outros, os diáconos precisarão encorajar e instruir em maior obediência a seguir o exemplo de Cristo. Onde uma necessidade não satisfeita é encontrada, os diáconos precisarão encorajar os outros membros do corpo a serem a mão e o pé que o membro necessitado necessita.
Quem, então, pode ser um diácono? A principal função do diácono não é, antes de tudo, dar assistência (financeira) aos necessitados, mas sim garantir que os membros estejam ajudando uns aos outros, e se não, motivá-los a fazê-lo. O irmão contemplado para encorajar a congregação a ser a comunhão dos santos que Deus deseja que seja: que ele seja chamado para esta bela missão
Tradução: Aláide Monteiro.
Revisão: Tainá Alves.
Fonte: Christianstudylibrary.org.
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