Entre os ministros da palavra, presbíteros e diáconos, se manterá igualdade com respeito à honra e aos deveres de seus respectivos ofícios.
Ao pensarmos em ofícios na igreja, devemos evitar a ideia de que há uma hierarquia, pois isto é errado. Muitos cristãos acreditam que o pastor é como um chefe, e os presbíteros são menos importantes do que ele, e os diáconos menos importantes ainda, porque eles têm “menos autoridade”. As igrejas reformadas, em seu regimento, nos mostram que sim, os ofícios são distintos e tem naturezas diferentes, porém eles não são organizados hierarquicamente. O artigo 19 do regimento das IRB’s, sobre “igualdade” diz: “Entre os ministros da palavra, presbíteros e diáconos, se manterá igualdade com respeito à honra e aos deveres de seus respectivos ofícios.“
Por quê? Por que não podemos dizer que o pastor tem a preeminência, e que o diácono é alguém que funciona como porteiro na igreja, e nada mais?
A igualdade dos ofícios encontra a sua base na função e na natureza de cada um, o que impossibilita o princípio hierárquico. Em primeiro lugar, os três ofícios têm caráter de serviço e administração. O oficial tem a autoridade e o direito ao exercer seu ofício em serviço a Deus e servindo aos seus irmãos, conforme o mandamento divino. O pregador/pastor/ministro da palavra e/ou presbítero docente não é servo da congregação, nem do conselho, nem governador da congregação, na prática. O aspecto mais importante do caráter do ofício é a administração. Os ofícios – do pastor, do diácono, do presbítero – são os meios usados por Deus para administrar Sua Palavra e o governo de Cristo à congregação. Os oficiais funcionam como despenseiros da multiforme graça de Deus (2 Pedro 4.10).
Então, a designação mais aplicável e exata do pregador é o termo “ministro” (administrador) da Palavra de Deus.
O presbítero (ou presbítero regente) é o “ministro” (administrador) do governo de Cristo.
E o diácono é o “ministro” (administrador) da misericórdia de Cristo.
Portanto, o diácono pode admoestar o presbítero ou o pastor. Os presbíteros supervisionam a doutrina e a conduta do pastor e avaliam sua pregação do Evangelho. Os oficiais devem atuar na esfera do seu próprio ofício de acordo com a autoridade confiada a eles neste ofício.
Lembrarmo-nos sempre desta igualdade evita a confusão que muitas vezes surge na igreja. Por exemplo, alguns membros preferem a visita do pastor em vez de um presbítero, quando estão hospitalizados ou passando por qualquer outra dificuldade.
Entretanto, a congregação não pode esquecer de que o presbítero visita não apenas como um irmão, mas como pastor apontado por Cristo para este trabalho, com mandato de Deus. E quanto ao papel do diácono, muitos cristãos pensam nos diáconos como administradores do dinheiro da congregação, e não como alguém por meio do qual Cristo fala. Mas nós precisamos lembrar de que o diácono não tem um ofício subordinado. Ele é também um administrador da graça de Deus, e não um homem que está sendo preparado para realizar um ofício mais importante no futuro.
Com isto em mente, vemos claramente como os três ofícios devem trabalhar juntos para administrar a Palavra de Deus na vida da congregação. Se enxergarmos o pastor como um “pequeno papa” e os presbíteros como sendo seus auxiliares, estaríamos desprezando a todos, principalmente aos diáconos. Porém, verdade é que os oficiais da igreja funcionam como uma equipe – e a igreja precisa dos três ofícios para permanecer saudável. E por meio dos ofícios, podemos proclamar a glória de Cristo – na doutrina, e na prática da Igreja.
Revisão: Ester Santos.
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