Se você tem interesse em estudar sobre a vida do reformador João Calvino um dos livros que eu recomendo é a obra “Teologia Prática: Um estudo sobre João Calvino e seu legado”.[1] A obra tem três autores: Joel Beek, David Hall e Michael Haykin. É uma publicação da Editora Trinitas.
O capítulo 2, escrito por Joel Beeke, tem o seguinte título: Lições práticas da vida de Idelette Calvino.

Idelette foi uma víuva com quem Calvino se casou. Ela tinha dois filhos do primeiro casamento, mas esperava dar a Calvino alguns filhos.
Nesse capítulo Joel Beeke aborda uma questão que normalmente negligenciamos, o sofrimento experimentado por Calvino e Idelete por conta dos filhos que perderam.
Joel Beeke nos diz que logo após o retorno de Calvino à cidade de Genebra, Idelette deu à luz um menino prematuro, ao qual deram o nome de Jacques. O bebê veio a falecer um mês depois, em agosto de 1542.
Calvino escreveu para Viret, um pastor que era um de seus amigos mais próximos:
“O Senhor certamente infligiu uma ferida severa e amarga com a morte de nosso pequeno filho”. “Mas Ele próprio é Pai e sabe o que é necessário para seus filhos”.
João Calvino
Na mesma carta, Calvino notou que Idelette estava angustiada demais para escrever, ainda que se submetendo a Deus em meio à aflição. Ela também quase perdeu a própria vida durante o parto.
Calvino escreveu para Viret dizendo que ela havia passado por “extremo perigo”. Idelette recuperou-se, mas tristeza seguiu mais tristeza.
Dois anos depois, ela deu à luz a uma filha, no dia 30 de maio. Nas palavras de Calvino escritas para Farel: “Minha pequena filha luta sob febre contínua”. Em alguns dias a filha também faleceu.
Algum tempo depois, chegou o terceiro filho, desta vez natimorto. Em meio às esmagadoras responsabilidades e pressões que pesavam sobre Calvino, o luto da perda dos filhos era demasiadamente profundo, especialmente para Idelette.
A este sofrimento, amontoaram-se insultos. Alguns católicos romanos escreveram dizendo que, sendo a esterilidade no casamento sinal de reprovação e julgamento, a condição sem filhos do casal deveria ser um julgamento de Deus contra Calvino. Certo escritor, Baudouin, chegou a escrever o seguinte: “Ele casou-se com Idelette, com quem não teve filhos, mesmo estando ela no momento mais propício de sua vida, para que o nome desse homem infame não se propague”.
Mas, mais tarde, Calvino disse que a profunda aflição pela falta de filhos foi aliviada apenas com a meditação na Palavra de Deus e por meio da oração. Ele escreveu em privado para, Pierre Viret, declarando que também encontrava conforto em saber que ele tinha “miríades de filhos por todo o mundo cristão”.
Joel Beeke nos diz que a submissão de Calvino e Idelette nos ensina que o cristianismo genuíno se dobra diante de Deus, confiando nele como nosso maior amigo, mesmo quando Ele parece ser nosso maior inimigo. O resultado final de tal confiança é aquilo que os puritanos chamavam de “a rara joia do contentamento cristão”.
Eu e minha esposa temos quatro filhos vivos. Mas por duas vezes experimentamos a tristeza de perdermos filhos que ainda estavam em formação. A primeira foi especialmente difícil, quando descobri que era uma menina. Algo que tanto desejei.
E tive uma grande luta para conduzir meu coração em submissão a Deus. Mas Ele foi misericordioso de tal maneira que por Sua graça o coração se dobrou, e o consolo chegou.
Agora depois de mais de quatro anos, ainda experiementei consolo nas palavras de Calvino a Pierre Viret:
“O Senhor certamente infligiu uma ferida severa e amarga com a morte de nosso pequeno filho”. “Mas Ele próprio é Pai e sabe o que é necessário para seus filhos”.
João Calvino
“O Senhor certamente infligiu uma ferida severa e amarga com a morte de nosso pequeno filho”. “Mas Ele próprio é Pai e sabe o que é necessário para seus filhos”.
João calvino
Guarde, isso, pois não vem de Calvino, vem do Evangelho: Deus é Pai e sabe o que é melhor para seus filhos.
Encerramos assim, o terceiro episódio do Mais que 5 Pontos.
Que o Senhor lhe conceda graça e paz!
Referência
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É graça de Deus poder compartilhar das dores dos santos que sofreram como nós com a perda de filhos. Certamente as palavras de João Calvino e do Evangelho me trazem consolo nesse momento também! Deus é Pai e sabe o que é melhor para seus filhos! Que nosso Deus amoroso seja louvado!